sexta-feira, 4 de março de 2011

Atrás do Bloco da Saudade...




Olá, bom dia, boa tarde ou boa noite... Nesse mundo atemporal às vezes fica difícil saber o que dizer, ontem estava acordando em um Novo ano, hoje o carnaval já nos chama a festejar, foliar, pular, brincar, esquecer... Sim esquecer caro leitor, esquecer da tristeza, esquecer de amores, esquecer de tudo aquilo que parece nos agoniar. Às vezes alguém pergunta por que o carnaval é tão especial, eu simplesmente respondo ”porque é o único sonho no qual você só acorda depois de 5 dias...”.
A liberdade de ser qualquer um, João vira Maria, Maria vira João, poder amar mesmo que seja só por 10 minutos, poder festejar com desconhecidos, no carnaval ninguém tem depressão, melancolia, ou qualquer outro tipo de tristeza... 




Ele era um desses foliões fiéis, saia no primeiro bloco de carnaval sexta-feira e só chegava na quarta... Nesse meio era doutor, deputado, dono de empresa, e até policial disfarçado, a natureza não foi tão boa quando modelou seu rosto, mas atrás da máscara de pierrô nada disso importava, nos bailes de social era o último a sair, no botequim da esquina conhecia todos, amante profissional deixava as mulheres a suspirar, mas se perguntares nenhuma conseguirá descrever sua feição, ele era presente e invisível ao mesmo tempo.
 Aquela noite tinha um ar de ser diferente, a praça estava lotada de fantasias, serpentinas, marchinhas, tudo como tem que ser inclusive ele, mais uma vez de pierrô, dançando e agitando a todos, coreografando danças que ele nunca tinha ouvido, mas algo chamou sua atenção, no meio do salão uma visão deslumbrante, a colombina mais linda que ele já vira, ficou apaixonado, ao se aproximar ela simplesmente desapareceu, se perdeu em meio a milhares de outras colombinas, mas nenhuma que lhe chamasse tanta atenção, começou a buscá-la, mas sem sucesso...
Depois dessa noite ele nunca mais foi o mesmo, os amores não foram com a mesma vontade, os beijos não encontravam mais o céu, os carnavais perderam a graça, se pelo menos ele tivesse uma pista... Após noites e noites só pensando em um meio de encontrá-la, decidiu ir a todas as festas de carnaval que pudesse, e assim aconteceu, depois de um tempo se casou mesmo sabendo que não sentia nada, mas nunca desistiu da busca, aos 83 anos não agüentou o ritmo da bateria de uma escola de samba e morreu... No seu enterro amigos, parentes, e algumas pessoas que nunca o viram, todos se despediam daquele que por anos buscou o amor verdadeiro, ao final quando todo mundo já tinha ido embora, sua mulher triste e solitário vai ao seu encontro, dá o último beijo e sussurra as seguintes palavras: -“Eu sempre te amei, mesmo sabendo que seu coração era só da colombina...”
Como uma última ação ela tira de dentro da sacola uma roupa suja e amarrotada de colombina, coloca em cima do caixão e vai embora...
Alguns dizem que nunca encontraram seu amor, outros que nunca vão encontrar, mas para aqueles que procuram colombinas em festas de carnaval, saiba que “Todo Carnaval Tem Seu Fim...”  



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