terça-feira, 10 de janeiro de 2012

intellectualis obesity: Finis




O começo do ano nos traz as mesmas sensações, tenho de ser diferente, tenho de melhorar meu humor, Vou entrar na academia, promessas e mais promessas das quais renovamos todo ano como um cartão fidelidade, do qual tentamos mas nunca nos desvincilhamos, se eu tivesse o poder de escolher um desejo, desejaria  fazer o que deve ser feito e nada mais, em 2012 o que mais se quer é estar seguro, mas será que podemos?



Computador ligado, página em branco aberta, o cursor pisca freneticamente pedindo as primeiras letras da história, a cabeça viaja em uma velocidade quânticamente impossível, posso falar de filosofia, abrir a dialética, rasgar a erística, sugar toda a didática e semântica juntando os cacos de Schopenhauer, não, não é um dos meus favoritos, aliás, não me parece com a biologia nem um pouco, o que tem a filosofia relacionada com a biologia eu não sei, mas é igual a essas coisas que você vê por ai e custa a acreditar, demora a entender e no final o sentido nem é mais importante, já sei, posso escrever sobre uma história de suspense, quem sabe podemos começar com um repórter, que fora do seu país de origem tenta entender o que a ilha da magia tem para oferecer, podemos acrescentar uma mulher, quem sabe também de nacionalidade estrangeira que dança e requebra como se estivesse em casa, para apimentar essa história ela pode ser russa ou argentina talvez. 

Não sou muito bom para criar personagens, mas podemos dizer que ela era bela e ao mesmo tempo indecifrável... Não... Repórteres, russas, argentinas, dança... Não me parece atrativo, quem sabe eu nem deva escrever, tenho tantas idéias e nenhuma me vem agora, deve ser a minha obesidade... Não, não, não tem nada a ver com meu peso, ou com meu corpo, mas sim com minha mente, a musculatura de alto entendimento ou apenas a consciência,  devo estar fora de forma, não, não, ainda não falo sobre o meio físico e sim do intelectual, devo estar exagerando nas doses de mediocridade, acabo de lembrar aquilo que os médicos falam: - Tudo que é demais engorda – sim, eu sei, mas o que fazer se o mundo me oferece toneladas e toneladas de asneiras? Simplesmente as engulo, naquele esquema em que sua mãe te mandava tomar remédio: - Vai, abra a boca e feche os olhos – simples assim, pena que idiotice não tem gosto, não tem cheiro, muito menos aviso, até quando a fartura dos néscios ira superar a candura dos atilados?

A folha não tão mais branca assim, pulsa, toma vida, ensaia um coro de indigências e voa esperando encontrar uma luz, como a andorinha que sozinha não faz verão na voz de ‘João de Barro e Lamartine Babo’, estas palavras precisam voar, expandir, ecoar nas montanhas da sociedade e se fazer presente em cada voz, precisamos começar este ano longe do famoso dilema do “Mito da Caverna” apresentado por Platão, quanto mais presos aos nossos olhos estivermos mais longe dos nossos pensamentos estamos... E quanto a primeira pergunta deste texto: em 2012 o que mais se quer é estar seguro, mas será que podemos?

Acreditemos ou não em fim de mundo, acreditemos ou não em astrologia, bruxaria ou megalomania, quanto mais chafurdarmos na gordura deprecativa cultural, mais perto do apocalipse chegaremos... O apocalipse intelectual...


Por isso minha dica é: Evite a obesidade intelectual... 


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Baader-Meinhof Blues

Legião Urbana


A violência é tão fascinante
E nossas vidas são tão normais
E você passa de noite e sempre vê
Apartamentos acesos
Tudo parece ser tão real
Mas você viu esse filme também.

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by: Willian Robson Moraes