domingo, 27 de janeiro de 2013

Futuro?

Em memória a todos os futuros que hoje se encerraram de forma trágica...



 Onde estou? Que barulho é esse? Acho que está apertado, tem muita gente e pouco espaço, cadê a música? As pessoas estão correndo e não sei pra onde vão, não consigo enxergar quase nada, tem fogo por todo lado, essa fumaça está aumentando, vou sair daqui! Onde é a saída? Cadê luz no fim desse túnel? A porta é tão estreita, as pessoas estão descontroladas, ainda não entendo direito o que está acontecendo, estou seguindo todos, a fumaça está aumentando, sinto um peso em meu pulmão, tenho que sair daqui, meu futuro, minha família, minha vida...

 Quero ir para casa, aliás, queria não ter saído de lá! Parece que não consigo me mexer, todos estão loucos, a sobrevivência está despertando instintos primitivos, meu corpo frágil e pequeno não tem chance diante de todos esses pés, mas tenho que levantar! Estou aqui, será que não me percebem?

Tudo que estudamos... Tudo que aprendemos... Tudo que adquirimos agora é transformado em nada, apenas uma saída, apenas uma chance, o tempo que antes nas salas de aula se arrastava e insistia em não passar, agora apenas vai acabando aos poucos, as músicas que antes nos animavam e nos fazia dançar transformaram-se em gritos e apelos, a maquiagem que custa horas e horas para ficar pronta, a roupa que nos faz demorar tanto tempo, o sapato ideal, agora fazem parte do cenário, jogado ao chão sem nenhuma cor nem marca, sem nenhuma beleza, sem nada, somos todos iguais...

 Aquela é a saída? Ou aquilo é o fim? Consegui me levantar, estou de pé, consigo correr, já enxergo a saída, ela está ali, vou me libertar, vou conseguir! Espera... O que é isso? A saída está trancada? Quem é você? Comanda? Dinheiro? Tá pegando fogo! Quem é você para barrar sonhos, impedir o futuro, apagar minha vontade de voar, de preferir o dinheiro a vida, de apagar sorrisos, quem é você para decidir a minha vida, para deixar um vazio no coração das pessoas que amo, quem é você, que esqueceu o que é ser humano, que valoriza coisas fúteis, que exibe marcas ao invés de sentimentos...

Quem é você? Sinto-me sem forças, ninguém mais consegue sair, os gritos aos poucos vão se apagando, minha mente aos poucos vai passando imagens da minha família, meu corpo já não sente mais nada, mais uma vez enxergo uma luz no fim do túnel, será o fim? O mais triste não é pensar que tudo irá acabar, mas é pensar que não estou sozinho, que existem muitas mentes pensando em tudo isto, que estão nesse momento se perguntando: - Eu? Todo esforço, todo o cuidado, todo o carinho, todo o amor, toda a esperança, tudo que um dia achamos ser essencial se torna nesse momento...

Nada...

Diante deste momento a vida é simplesmente viver, como queria ter feito isso, como queria ter feito aquilo... Qual o motivo de deixar as coisas para depois, o depois nem sempre é azul e brilhante, o amanhã nem sempre é claro e certo... Ao que estamos dando valor? A quem estamos dando valor? Vale a pena guardar rancor e raiva? Vale a pena algumas atitudes que tomamos?

 Queria poder estar escrevendo isso, mas o momento não é favorável, minha voz não é escutada em meio a toda essa confusão, já no chão me entrego de corpo e alma, já sem nada a fazer apenas me deixo, entre sonhos e futuros que junto com a fumaça negra se dissipam pelo ambiente, que seja essa sua vontade, que seja esse meu destino, fim...

 Ass.: Um futuro, uma vida, um sorriso, uma nota 10 na faculdade, que diante da vida descobriu apenas ser humano...

sexta-feira, 4 de janeiro de 2013

Voa minha andorinha... voa!

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Aqui estou, passarinho que foge das horas, que voa de seu ninho, aqui estou, passarinho que canta só, que de noite sozinho, aqui estou, de alma e poesia rebobinando as fitas de uma vida, encobrindo as velhas feridas e tentando voar...
Passarinho que só se sente ou passarinho que sobe e se encanta, passarinho que acalma a mente, passarinho com grito preso na garganta, nobre prazer de voar em um ar puro, se a alma não acalenta a noite que não alumia o futuro, nobre cavaleiro andante que deixa armadura, espada e cavalo e encara mais uma vez o seu amor calado.
Nada de brisa leve, os voos que encaro hoje são em furacões, bem mais bonitos se vistos de dentro, mas bem mais esmagadores quando se está desprotegido, a pena que tenho ao rever minha vida de passarinho, é a mesma que deixei cair ao entrar nesta gaiola, ao tentar viver a vida mais leve fui pego em uma armadilha mortal, destas que a cabeça não esquece, mas basta um passo e zuuuuuuuup... 


O que era fim vira começo e o que era meio é esquecido.

Agora já tenho asas e um céu para percorrer, quis te trazer para cima para avistar o mais bonito céu, porém você gosta do dia chuvoso e me faz molhar as penas sempre, se quiser uma dica eu posso lhe dar, corra o mais rápido que puder e se atire, sem medo, sem receio, quem sabe um dia reaprenda a voar... Enquanto isso adeus minha andorinha, sei que um dia estivesse comigo, mas agora no chão queres ficar, se assim não te faço feliz me atiro e bato as asas...