Era um dia normal, daqueles que a
mente desperta mas o corpo insiste em ficar deitado. Sabe quando o cobertor te
abraça e parece que não vai te deixar sair pelo resto da vida, a pena é que
essa relação é mais superficial do que casamento de jogador de futebol, ela
dura apenas o tempo em que o despertador dispara mais uma vez seu alerta, e no ringir
dos sinos, das sirenes, da música agitada e daquela buzina de navio, eu
finalmente desperto “tranquilamente”.
Acordar, levantar, despertar, não
necessariamente é a mesma ordem, as vezes apenas levantar, outros somente sonhar
que acordou. Como todos os dias enfrentei o ritmo frenético da cidade e o
movimento orquestrado de carros parados a minha frente, uma coreografia
ensaiada todos os dias.
Anda, pronto pode parar!
O último dia da semana sempre é o mais
esperado, aquele descanso que vai se aproximando a cada hora e o gosto da
cerveja gelada no bar que vai ficando mais forte. Naquele dia em especial eu
queria sair da rotina o mais depressa possível, esvaziar a cabeça, deixar de
lado todas as palavras estranhas e loucas que apareciam na tela do meu
computador, apertar logo aquele maldito botão e desconectar.
Depois de toda semana, depois de todos
os minutos que se arrastaram naquele dia, eu finalmente estava ali, pensamentos
em um mundo distante, conversas que nem precisaram ter sentido, sorrisos,
piadas e amigos.
Como sempre a ideia de passar pouco tempo naquele lugar foi
ficando cada vez mais distante. Em meio ao clima local e a vontade de curtir a
vida, um convite ficou em meus pensamentos. Quando menos esperava já estava
vislumbrando a maravilhosa lagoa.
Aquele samba que tocava ao fundo...
sim… aquele samba… que contagiava a todos no salão, que apaziguou minha mente e
me conduziu, combinado com aquele sorriso… sim… aquele sorriso… desconhecido
até então, entre uma música e outra, entre um rodopio e um baile de mãos
entrelaçadas, lá estávamos nós... no meio da pista!
E ali, naquele lugar, naquela luz baixa e som
cativante nos encontramos. Ali, naquele exato ponto, naquele exato momento nos
conhecemos. Depois disso a vontade de deixar o resto para depois e se render ao encanto daqueles passos. Aquela noite... Se eu parasse para resumir tudo que aconteceu
as palavras certas seriam: sorrisos, surpresas e felicidade.
Ao final de tudo, além da refeição na
madrugada, da roda de violão desconhecida e finalmente ver o dia amanhecer junto
com as gaivotas, aquele pensamento que relembrava seu sorriso se prendeu em
minha mente. Como as aves que se prendem as suas asas, buscando viagens mais
altas.
Naquele momento o relógio não era mais importante, as horas, os minutos
e os segundos viraram coadjuvantes. Enfim, enquanto uns permaneceram apegados
aos seus sonhos, eu vivi! Acordado e feliz.
Quer saber de uma coisa?
Pode ir
deitar agora, que hoje eu vou dormir mais tarde!